terça-feira, julho 26, 2005

minha alma canta, vejo o rio de janeiro...



Estou em lua-de-mel com o Rio. Assim como devem ficar alguns (poucos) casais sortudos quando, depois de anos e anos de casado, conseguem se reapaixonar. E vivem aquela experiência maravilhosa da redescoberta, constatando entre surpresos e satisfeitos que a busca chegava à beira do ridículo, que tudo estava ali o tempo todo. Como pude não enxergar afinal?
É claro que eu continuo não gostando da violência, da sujeira, do trânsito… não gosto mesmo. Mas aí é que tá a graça da reconciliação: a gente já sabe como o outro é, já vive com o sujeito, já conhece os puns, os roncos, mas conhece também aquele sorriso de canto de boca que só você pode decifrar. Ninguém mais.
Assim tá sendo a minha reconciliação, o meu trocar de bem com o Rio. Amo desse jeito mesmo, imperfeito, com problemas, safado e lindo... Amo o sol, o mar, a lagoa, o cristo, o pão de açúcar. Amo as pessoas. Amo poder dizer bom dia e em 5 minutos saber da metade da vida da senhora à minha frente na fila do pão, ou do banco, ou do ônibus... a fila é o que menos interessa. O que importa é a comunicação, o calor, a simpatia reinante.
E olha, que coisa maravilhosa e mágica: eu sou CARIOCA!! E faz tempo que eu não me dava conta disso. Tinha esquecido, guardado no fundo da gaveta das memórias e lembranças esse detalhe nada irrelevante da minha vida pessoal.
Sei que não é de hoje que tenho problemas de relacionamento, do tipo dificuldades em abraçar e beijar amigos do peito, por exemplo. Mas possuo uma penca de outras características que, pensando hoje, estão intimamente ligadas ao fato de ter nascido e vivido até hoje nessa cidade maravilhosa. Como não desenvolver um senso estético apurado olhando, vendo, absorvendo tanta beleza retina adentro? Como não criar habilidades de humor e ironia vivendo em uma cidade com tantas desigualdades e contradições que por si só já são tão irônicas? E como encarar o engarrafamento monstro de fim de dia sem uma boa dose de paciência e humor? Mas quando o mau humor bate imperioso alguns palavrões também são bem-vindos, fazendo parte totalmente incorporada à maneira de ser, à cultura e ao vocabulário carioca.
Me entrego toda, então. Faço aqui essa declaração de amor, de redescoberta. Faço o que tantos músicos, artistas, poetas já fizeram tão bem. Entendo o que move a alma dos que nasceram ou adotaram essa cidade como sua. Vejo o Rio com olhos estrangeiros e me apaixono. Descubro uma cidade dentro da cidade. Descubro uma cidade inteira dentro de mim, com toda sua ambivalência, seus contrastes, suas contradições, seus perigos e seus desejos. E minha alma canta.

democratização ou esculhambação... eis a questão

Pra quem vive no Rio de Janeiro e é freqüentador da noite e dos eventos cariocas, já deve estar por dentro da nova mania da cidade: lançar discos e fazer shows em lugares descolados como cafés-livrarias e sebos.
Nesse último sábado estive num desses eventos no Song Book Café, no Leblon. Era uma apresentação de um jovem grupo de chorinho e afins. O grupo é relativamente bom, os jovens músicos são entusiasmados e gostam do que fazem. Mas falta infra. Falta profissionalismo. É extremamente desagradável assistir a um show atrás de uma coluna, sem ver os músicos, no corredor de uma galeria, mil pessoas conversando e passando, a acústica ridiculamente ruim e a conseqüente falta de sincronia e harmonia entre os músicos. Ocasionadas, com certeza, pela precariedade das condições, aliada à falta óbvia de experiência dos mesmos.
Sei que parece mais um ataque de rabugice explícita, mas de fato me questiono sempre se todas essas novidades cariocas no quesito “cultura” e “fuga do tédio” são válidas. Me dá sempre a sensação de um “vale-tudo” contra a mesmice.
Apesar de considerar aceitável essa criatividade e inventividade constante, acho que um pouco de desconfiômetro cai bem. Me irritam, por exemplo, os pseudo-intelectuias-antenados-descolados-bem-transados que têm zero de sendo crítico e batem palma para qualquer invencionice bizarra “sacada” pelos produtores cariocas. Engolem todas as novidades, agradecem e pedem bis.
Sou a favor sim da cultura espalhada, pulverizada em qualquer cantinho possível. Nas ruas, shoppings, cafés, restaurantes, etc. Mas bom senso é fundamental. Os rapazes de sábado, no fim das contas, foram definitivamente prejudicados. Ficou um gosto de coisa crua na boca, de comida tirada do forno antes de assar. Provavelmente, ao me deparar com eles nesse mundinho de Rio de Janeiro, já terei uma ressalva, já pensarei duas vezes antes de me decidir a assisti-los. E, a não ser que queiram viver da apresentação a amigos (que lotavam, aliás, o Song Book Café, com direito a torcida organizada e tudo), vão ter que comer bastante feijão com arroz, acertar a mão no tempero e colocar uma bonita mesa para os ouvintes/comensais.
E o nosso apetite por boa música, respeito e qualidade agradece.

sábado, julho 23, 2005

confissao e sem acentos e til... (uma confissao mais forte ainda)

Olha, vou logo dizendo. Tah bom que os leitores assiduos nao vao entender nada. Os ocasionais podem ter uma surpresa. E os transeuntes, apenas de passagem pelo blog, ja ficam de uma vez por todas avisados.
Antes de dizer, sei que parece engodo, mas nao eh, direi que nao eh minha intencao transformar esse ou qualquer outro meu escrito em um desfiar meloso e piegas! Nao mesmo! Nao faz parte da minha personalidade e nem de meu estilo literario, geralmente tao ironico e pesado quanto um paquiderme no cio.
Sei que tudo tem sido escrito na forma de desabafos, de textos tristes e densos, uns tantos engracados mas sarcasticos. Um quilo de reclamacoes da vida, outro tanto de pena de mim mesma, uma romaria de rabugices e mau-humores. Confesso que o estilo me atrai e que eh dificil me livrar dele. Tampouco sei se preciso. Mas meu compromisso com a verdade, com a minha verdade interna, me impede de pular isso, esse evento finalmente importante. Esse marco UM. Nao digo um por ser ou parecer eterno, mas por ser o UM depois de tanto tempo e tanto sofrimento. E claro que minha eterna vocacao para Gata-borralheira/Cinderela, me fazem sonhar com o FELIZES PARA SEMPRE, mas to virando uma gata borralheira escaldada, das que tem medo de agua fria e nao acreditam em aboboras.
Entao, sem mais delongas, sem rame rame, sem grandes enrolacoes, eh assim: me apaixonei. Simples desse jeito. To apaixonada por um cara legal, que parece gostar de mim, que me trata bem, que eh inteligente, bonito. E pronto, nao tenho nem um issozinho pra falar dele. Nao tem senoes. Nao tem "mas". Nao tem "eu soh gostaria que tal coisa fosse diferente". Nao tem nada disso.
Confesso uma certa frustracao em nao poder falar mal de alguem. Mas minha honestidade de principios (sim, eu tenho isso!!!) me impede de mentir. Logo assumo publicamente, aos olhos do mundo, aos quatro ventos que fui completamente fisgada e que, dessa vez, quem nao quer fugir sou eu! Eh a minha historia entrando em uma nova era.. veremos o bicho que vai dar, e que seja uma linda borboleta colorida, leve e alegre!

quinta-feira, julho 14, 2005

o monstro do armário


Confesso que tenho um problema com o armário da cozinha. Na verdade o problema não é bem com o armário, mas com o que pode estar escondido dentro dele. Explico. Logo que vim morar aqui, alguns seres antenados, com asas e aparência asquerosa moravam dentro dele. Coloquei iscas, venenos, inseticidas... mas ao lidar com um ser capaz, dizem as más línguas, de suportar uma guerra nuclear, todo cuidado é pouco. E, apesar do momentâneo sumiço das mesmas, todas as medidas de extermínio acabam me parecendo vãs.
Um outro detalhe que me deixa assim, digamos, aterrorizada, é que as (eca!) baratas, só atacam de noite, de preferência durante a madrugada, quando vago insône e solitária pelos cômodos da casa. E aquele lanche madrugueiro, aquela fome irresistível, que só os com tendência a morcego conhecem, passa a ter um ar de aventura, de perigo, de uma ocasião de vida ou morte.
Tenho passado por isso de forma bastante heróica e sem grandes sobressaltos. Fazia tempo que não me deparava com nenhum monstro noturno. Tava quase acreditando, enfim, em paz doméstica. Mas ontem ao abrir, não sem cuidado mas já um tanto relaxada, a porta do armário, vejo aquilo correndo, fazendo um barulho de floc floc entre os mantimentos. Era grande, enorme diria. Escura, mal-encarada, cascuda e pronta a voar na minha jugular. Quando me viu ficou parada me observando. E eu congelada, inerte, apavorada com sua presença e seu olhar penetrante. Tive medo de me mexer e ela me atacar impiedosamente.
Ficamos assim, nos estudando por alguns instantes. Instantes esses que pareceram uma eternidade.
Lutei contra o meu medo, resolvi com toda a racionalidade que me foi permitida, que tentaria, que não entregaria os pontos, que brigaria até a morte se fosse necessário! Tentei pensar rápido e agir com mais velocidade que ela. Sem deixar de encara-la um só instante, com movimentos lentos e estudados, me afastei delicada e suavemente até alcançar um chinelo. Droga. Não tinha nenhum por perto. Tive que apelar ao meu bom, velho e guerreiro allstar vermelho, que tantas e tantas vezes esteve comigo, dançando, caminhando, na chuva, no sol e agora na árdua tarefa de matar uma barata. Voltei quase como uma felina, pé ante pé, quase sem respirar, tentando elaborar um plano rapidamente, pois sabia que meu tempo estava se esgotando. Ela não iria ficar parada a vida toda.
Em um movimento brusco afastei a lata de pó royal que estava dando cobertudra à inimiga!! Mas ao ver o seu corpo se mexendo, suas patas rápidas em minha direção, fui tomada por um espasmo de terror e imediatamente fechei os olhos e dei com o allstar em cima do saco de feijão!! Falhei. E ela floc floc floc correndo para os confins do armário escuro e úmido!! Vitória dela. Eu, totalmente patética e atônita no meio da cozinha, allstar na mão, ainda pude ouvir suas gargalhadas de barata ecoando pelos encanamentos...

terça-feira, julho 12, 2005

colombo


Ontem, depois da análise, depois de presenciar uma leve batida no ônibus que estava, depois de andar e andar atrás de papéis que não conseguia comprar, depois de receber um não categórico pelo telefone de alguém que julgava ser O amigo, finalmente, tive uns minutos de prazer e paz.
Encontrei com A amiga (essa, amiga de verdade, sem nões e senões). E sentamos pra conversar e falar da vida, falar abobrinhas, contar fofocas, fazer confissões. Tudo que eu tava precisando. Tudo na Confeitaria Colombo.
Ô lugar com tanta história e que tantas vezes se misturou à minha. Lembro bem dos Ice Cream Soda, cor de rosa, dulcíssimos, servidos em altos copos de vidro antigos, que eu devorava como uma formiguinha faminta nos idos da minha infância. Papai, nessa época, tinha uma ourivesaria em um sobrado na Gonçalves Dias, quase vizinho à Colombo. Eu adorava ir pra lá, tinha medo do elevador antigo, mexia nas ferramentas... mas o ponto alto da visita sempre era o Ice Cream Soda na Colombo.
Mais tarde, já pelos meus vinte e pouquinhos anos, durante o período que trabalhei com cabelos, pude trabalhar nos bastidores da organização de um desfile beneficiente na mesma Confeitaria. Foi grandioso o jantar sob as luzes, os convidados refletidos naqueles espelhos seculares de moldura de jacarandá e ainda ter a satisfação do evento ter sido bem sucedido, notinhas em colunas de jornais.
Há não muito tempo, tive um meio namoro, um meio flerte, com uma pessoa de fora daqui e lá tive um dos melhores momentos de sua estada no Rio de Janeiro.
Já chorei sozinha, enquanto escrevia, sentada nas suas mesas de mármore. Já ri com mamãe, depois de ter passado um dia inteiro de labutas e problemas, de caminhadas longas pelo centro da cidade. Já fui surpreendida, sentada apenas pra um café, por um chorinho lindo e aconchegante, tocado num piano de 1/4 de cauda, acompanhada por uma melodiosa flauta transversa.
E ontem foi mais um desses dias, em que o meu anonimato se mistura ao de tantas e tantas outras pessoas nesse mais de um século de história da confeitaria. À vontade, confortáveis, conversamos muito, lembramos justamente de coisas passadas. Como tenho tido a oportunidade de rever fatos antigos, rever pessoas, começar a entender a seqüência dos acontecimentos. E nada melhor do que lá, um lugar com tanta hitósia, tanta beleza e glamour, pra gente desmitificar a nossa própria vida, a nossa própria história.

quinta-feira, julho 07, 2005

um lugar pra chamar de meu

Ai, as árvores secas, desfolhadas, juntando galhos por cima da larga avenida. Prédios antigos, com sacadas de ferro fundido, uma predominância de tons terrosos e quentes.
O céu limpo, sem nuvens, claro, de uma luminosidade transparente. O ar frio, entrando gelado pelas narinas, deixando as bochechas vermelhas e ardidas. O vento teimando em ultrapassar as barreiras do sobretudo vermelho. Uma sensação confortável em estar envolta em cachecóis de lã, com as mãos aquecidas dentro das luvas.
O ar tem um cheiro. A cidade toda tem um cheiro. Um cheiro quente e doce, que mistura café, eucalípto, chocolate e tabaco. O cheiro é da cor da cidade.
Os cafés, o metro, o som da língua, essa língua tão expressiva que aquece o coração, que conforta e aconchega. As ruas familiares e desconhecidas, a um só tempo. A sensação de saber exatemente pra onde se está indo. A simplicidade da geografia reta, linear, quadriculada. A segurança de se caminhar livre, tranqüila, impune.
Grandes distâncias foram percorridas, caminhadas, cheiradas, sentidas. Reconhecidas, na verdade. Tomo posse da cidade, finco bandeira, guardo, com olhos e ouvidos bem abertos, todas as lembranças e impressões, todos os amores sucitados. Amo o ar, os táxis, o cemitério, os museus, as casas coloridas do bairro beira-rio, os prédios modernos e contrastantes à arquitetura antiga dominante. Amo esse ar ligeiramente decadente, essa nostalgia presente nos rostos, na saudade do que um dia se foi. E a certeza reinante de que um dia voltará a ser.
A força do povo que fala, discute, gesticula, esbraveja. A educação, a falta dela. Médias lunas. Alfajores. A música passional, as grandes manifestações. Que saudade de tudo isso. Que vontade de tudo isso. Saudade do pedaço de mim que ficou lá, vagando pelas ruas e noites dessa cidade, que roubou parte do meu coração. Um dia volto pra buscar. Volto para o meu lugar.

terça-feira, julho 05, 2005

de como se pode chegar à lucidez ou de como estar à beira de um surto psicótico

Chove, eu tenho dor, tô sozinha, vi um filme chato, água-com-açúcar, pequeno-burguês e imperialista.
Além dessa linda cena, leio coisas que me deixam confusa e entristecem.
Comi um sanduíche de queijo, sucrilhos com leite, bisnaguinhas seven boy com amendocrem. Tenho certeza que, de uma vez só e sem aviso, todas essas calorias vão se transformam em quilos a mais e gorduras localizadas e amanhã, se conseguir levantar da cama, terei que retirar porta, portal, abrir um vão na parede pra conseguir ir ao banheiro. Isso, se não entalar no corredor.
Minha bochecha direita está dobrando de tamanho. Ainda não sei se é só um inchaço ou se realmente ela está sendo clonada e vou ter um rosto com três bochechas. O fato é que tenho um calombo enorme, vermelho e dolorido, que lembra as espinhas da puberdade. Só que é difícil crer em uma espinha nessas proporções. Acho que fui abdusida por ets, perdi a memória, me enfiaram um chip pele a dentro e essa é uma das experiências que estão fazendo comigo, clonagem de bochechas humanas.
Descobri (eu sempre descubro) uma nova comunidade de cabelos brancos. Todos novos, todos rebeldes e fortes, prontos pra se alastrar e contaminar todos os outros. No início eu arrancava, mas tô começando a ficar preocupada em ficar careca, tal a quantidade e velocidade no aparecimento dos mesmos. O pior de tudo é que estão na frente, bem em cima da testa, prateados, brilhantes, exibidos. Acho que vou pintar tudo. De preto. Preto é fácil, que mesmo sem grana, sempre aparece um pouquinho de piche pra se passar na juba.
Tinha um carinha me paquerando. Mais novo. 4 anos mais novo. Baterista. Moreno, alto. Interessante mesmo. Mas eu fiquei pensando. Quero? Não quero? Não respondi aos vários telefonemas, não encontrei com ele no dia que ele propôs (ai, o velho medo do segundo encontro) e babau. Foi pro beleléu.
Meu fim de semana passado foi altamente instrutivo. Aprendi tudo (claro, aprendi com toda a profundidade que se pode existir num livro de 5ª série) sobre Mesopotâmia, Egito Antigo, início da civilização Chinesa e Indiana. Conheço os rios Eufrates, Tigre, Nilo, Amarelo, Indo, Ganges... Código de Hamurábi (olho por olho, dente por dente - aliás, uma ótima forma de encarar a vida... hummm... vou refletir sobre isso), Nabucodonosor e o 2º Império Babilônico e por aí vai. Isso tudo pra tentar salvar minha pequena, doce e querida afilhada de uma possível recuperação. A prova foi ontem. Eu sonhei até com isso. O resultado? Médio. Expressão transcrita fielmente como ouvida dos seus lindos lábios infanto-juvenis.
E, apesar de tudo, estou relativamente bem. Me atrevo a dizer que estou quase feliz da vida. A solidão e o abandono total e irrestrito me incomodam, mas já não penso em cortar os pulsos e nem em tomar formicida. Posso ver até um leve brilho de felicidade em meus olhos. Uma pontinha de esperança começando a vingar no coração. Afinal, se realmente eu não estrou tão mal é porque, talvez (veja bem, eu disse TALVEZ), eu esteja começando a me conhecer e a me aceitar. Ainda no talvez, pode ser que finalmente eu esteja aprendendo a viver só e me bastar. Mesmo com mil toneladas, mesmo com 3 bochechas, mesmo ficando uma bruxa de cabelos brancos. Mesmo abandonada e sozinha.
Meu medo é só desse ser o olho do furacão, sabe? No olho do furacão a tempestade diminui, os ventos zeram e tem-se a sensação de calma e tranquilidade total... mas quando ele volta a tragédia recomeça. E os danos são maiores, acontecem sobre o estrago já feito e ainda não recuperado dos vendavais anteriores! Tenho medo, então, de começar a babar, espumar pelo canto da boca, arrancar as calcinhas pela cabeça e sair correndo e gritando condomínio afora: EU NÃO SOU DAQUI, MARINHEIRO SÓ! EU NÃO TENHO AMOR, MARINHEIRO SÓ! EU SOU DA BAHIA, MARINHEIRO SÓ! DE SÃO SALVADOR, MARINHEIRO SÓ!
Ai, amanhã ligo pra miha analista assim que acordar. Não convém facilitar.

sexta-feira, julho 01, 2005

idas e vindas

No início eram palavras.
Eram noites e noites.
Eram cumplicidades trocadas.
Antes de tudo, era uma amizade.
Era um crescente constante.
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Depois veio o olhar.
Veio o verão e o mar.
Veio a aventura e os risos.
O conhecimento mútuo.
O bem estar presente.
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A vontade latente.
O beijo sentido e voraz.
A confusão dos sentidos.
O medo violento.
A saudade mordaz.
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O peito doendo.
A vontade de estar perto.
A dúvida e a confusão.
Perguntas, perguntas...
E foi embora, assim.
.
A conformação e a cura.
A busca constante de paz.
Respirar, viver, esquecer.
Enterrar de novo.
Engolir os sentimentos/palavras.
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E o retorno.
Ele me ama, me quer.
Eu quase amei, quase quis.
E agora? O que quero?
O sentimento engolido, afogado.
Pode ser resgatado?
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O tempo errado.
As vontades trocadas.
Caminhos cruzados.
Objetividades, racionalidades.
Quero amá-lo.
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Fujo dos fracassos.
Dos desenganos e decepções.
Me esforço pela vitória.
Quero amá-lo.
Quero amá-lo.