terça-feira, julho 12, 2005

colombo


Ontem, depois da análise, depois de presenciar uma leve batida no ônibus que estava, depois de andar e andar atrás de papéis que não conseguia comprar, depois de receber um não categórico pelo telefone de alguém que julgava ser O amigo, finalmente, tive uns minutos de prazer e paz.
Encontrei com A amiga (essa, amiga de verdade, sem nões e senões). E sentamos pra conversar e falar da vida, falar abobrinhas, contar fofocas, fazer confissões. Tudo que eu tava precisando. Tudo na Confeitaria Colombo.
Ô lugar com tanta história e que tantas vezes se misturou à minha. Lembro bem dos Ice Cream Soda, cor de rosa, dulcíssimos, servidos em altos copos de vidro antigos, que eu devorava como uma formiguinha faminta nos idos da minha infância. Papai, nessa época, tinha uma ourivesaria em um sobrado na Gonçalves Dias, quase vizinho à Colombo. Eu adorava ir pra lá, tinha medo do elevador antigo, mexia nas ferramentas... mas o ponto alto da visita sempre era o Ice Cream Soda na Colombo.
Mais tarde, já pelos meus vinte e pouquinhos anos, durante o período que trabalhei com cabelos, pude trabalhar nos bastidores da organização de um desfile beneficiente na mesma Confeitaria. Foi grandioso o jantar sob as luzes, os convidados refletidos naqueles espelhos seculares de moldura de jacarandá e ainda ter a satisfação do evento ter sido bem sucedido, notinhas em colunas de jornais.
Há não muito tempo, tive um meio namoro, um meio flerte, com uma pessoa de fora daqui e lá tive um dos melhores momentos de sua estada no Rio de Janeiro.
Já chorei sozinha, enquanto escrevia, sentada nas suas mesas de mármore. Já ri com mamãe, depois de ter passado um dia inteiro de labutas e problemas, de caminhadas longas pelo centro da cidade. Já fui surpreendida, sentada apenas pra um café, por um chorinho lindo e aconchegante, tocado num piano de 1/4 de cauda, acompanhada por uma melodiosa flauta transversa.
E ontem foi mais um desses dias, em que o meu anonimato se mistura ao de tantas e tantas outras pessoas nesse mais de um século de história da confeitaria. À vontade, confortáveis, conversamos muito, lembramos justamente de coisas passadas. Como tenho tido a oportunidade de rever fatos antigos, rever pessoas, começar a entender a seqüência dos acontecimentos. E nada melhor do que lá, um lugar com tanta hitósia, tanta beleza e glamour, pra gente desmitificar a nossa própria vida, a nossa própria história.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

olá, débora.
"descobri" essa página pelo orkut e me tornei um leitor (agora não mais) secreto. tenho um blog também, que tirei do orkut com medo da exposição, mas pra vc eu abro. passei um tempão sem escrevr, mas hoje dei uma "espanada" por lá.
Tu nem chamou pro aniversário, né? dedim de mal...
bjs.
(escreves bem, hein?)

2:55 PM  

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