sábado, junho 18, 2005

nunca mais mãos-dadas

A saudade que eu sinto é de tudo. Dos beijos. Do cheiro. Da voz. Do sorriso. Dos amigos. Do mar de lá. Do sol de lá. Das lendas. Das brincadeiras. Da história.
A minha história era também a tua. E em algum momento perdemos as pontas. Eu me perdi sem a luz da tua presença, sem teus passos me guiando. Ou será que me achei? Me pergunto se caminhávamos juntos por opção ou por falta dela. Mas as lembranças do caminho são reais. A falta que eu sinto também, assim como as lágrimas roladas.
Tanto tempo, tanto tempo. Tanto tempo vivido juntos. Muita vida compartilhada. Uma ausência enorme de brigas, o diálogo fácil e simples. Talvez racionalidade demais, pouca expressão de amor. Ou talvez só um arrependimento de não ter dito mais, feito mais. Agora acabou. Não tem mais o que dizer.
Tudo seria mais fácil se não tivesse começado tão cedo. Se eu não tivesse aprendido a viver, desde o inciozinho dos tempos, a teu lado. Se eu não tivesse adotado tua família por completo, não me sentiria hoje assim como uma órfã. Se não tivesse absorvido tantas idéias, talvez pensasse com mais clareza hoje. Se não tivesse conquistado tantos amigos em comum, viveria hoje com menos saudades. As saudades dos amigos que se foram junto contigo.
Será tudo imaginação? Às vezes acho que só eu senti, só eu sinto. Talvez sejam emoções criadas, lembranças adquiridas pela imaginação, pela idealização dos fatos. Você não parece sentir a mesma falta que eu. E você sentiria, sei que sim, se tudo tivesse acontecido como trago nas minhas lembranças. Lembranças falsas. Só podem ser.
Há não muito tempo, você me falou de um pensamento, uma descoberta, que a mim pareceu uma verdade incondicional. Que ninguém é feliz o tempo todo, que a felicidade é a soma de vários momentos alegres e que temos de nos esforçar pra ter mais momentos desses do que os tristes. Acho que você tem toda razão. E, vendo assim, você parece feliz. Eu triste. Te invejo e admiro por isso. Quero ter essa força, quero aprender a ser assim.
Isso tudo não deixa de ser uma grande ironia. Eu sempre fui a forte da relação. No meu íntimo, tinha uma desconfiança séria, quase uma certeza, de que você me amava mais, muito mais do que eu a você. Eu me sentia culpada por isso, mas segura. Mas quando tudo desmoronou, você foi o primeiro a desistir, a não querer mais. A abdicar do amor.
É verdade que o que move a minha tristeza não é mais o amor. Não aquele amor homem-mulher. Esse acho que já tá acabado, extinguido. Ou quase. Mas a saudade, essa é implacável. As lembranças afloram, criam vida e sinto o aroma das situações. E o amor gerado pelo companheirismo e cumplicidade, pela amizade que tem de vida mais da metade da minha, esse amor teima em ficar. Não vê razão pra ir embora.
Nessas horas de solidão, de passeios por fotos e por escritos amarelados, de choro abafado e sentido, esse amor grita e chama por você, pelo teu colo e pelos teus dedos nos meus cachos. Pela tua voz inconfundível, gravada no meu coração para sempre, pelas tuas palavras sempre certeiras e sensatas, pelo sorriso fácil e menino. Pelo aconchego e conforto de poder ser eu mesma, tranqüila, de calças de moleton e cabelos presos. Pela certeza de que você vai entender tudo o que eu disser. E tudo o que eu não disser também. Porque entre nós, um olhar sempre foi mais do que suficiente.

3 Comments:

Blogger tt said...

"Saudade faz doer
Faz a gente enlouquecer de solidão
Deixa a gente sem destino
Faz um homem ser menino
Sem vergonha e sem razão..."

HeHe...

Ah, eu tbm não deixaria filho meu ir na Vibe Zone...

No meu ultimo post antes do meu paradeiro, foi vc quem assinou como anonimo?

Beijosssss

7:36 AM  
Blogger tt said...

Continuando...

"Saudade faz doer
Faz a gente ser escravo da paixão
Mata a fome do desejo
Me trazer até seu beijo
Sem saber que horas são..."

:o))))))

7:38 AM  
Blogger tt said...

>=O*

7:39 AM  

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