quinta-feira, fevereiro 16, 2006

no tabuleiro do Tomzinho tem... (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Cada dia que passa eu fico um pouco mais satisfeita. Quer dizer que falta um dia a menos pro meu Gringo voltar. Não dá pra sobreviver muito tempo, sabe, sem pancakes, sem cookies, sem biscuts. É uma coisa de auto-preservação: preciso comer pra viver e preciso comer algumas coisas específicas, preparadas pelo meu espetacular-incomparável-tudo-de-bom amorzinho. É assim.

13 dias e contando.

sábado, fevereiro 11, 2006

tpm (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

tpm sempre ajuda a sentir muitas saudade e a se emocionar com publicidades sensíveis de ração de cachorro ou de margarina... é extremamente provável que esse meu estado de "sensibilidade à flor da pele" melhore com a utilização dos primeiros absorventes do mês... bem, rezo pra isso.

saudades (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

"Felcidade foi-se embora e a saudade no meu peito inda mora..."

Tô assim, transbordando de saudade. Chorando de publicidade babaca de jornal, me emocionando com a morte de uma formiga afogada na pia do banheiro. Essa chuvinha fina e essa luminosidade meio lusco-fusco também não ajudam.

Há poucos minutos minha mãe ligou dizendo que não vai ter mais comemoração amanhã do aniversário da vovó. Problemas de família. Fiquei arrasada, achando que meu domingo foi completamente arruinado... Conclusão: chorei chorei chorei...

Ai ai, volta logo Tomzinho!!

jornal (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Hoje não teve roubo. Meu jornal estava na porta, pendurado na maçaneta, dentro do saquinho plástico... super chique e organizado. Tô pensando até em recolocar ele do lado de fora, agora que já li. Uma maneira de retribuir o "favor" do Sr. Ladrão de não me roubar mais.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

saliência (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Segundo a coluna do Anselmo Góes de hoje, do jornal O Globo, uma casa de saliência na Travessa do Ouvidor, no Centro do Rio, teve um princípio de incêndio ontem, obrigando a mulherada que batalha muito pra ganhar a vida, sair correndo prédio afora em trajes, digamos, de trabalho. As meninas, todas de calcinha, se abrigaram na lanchonete ao lado, que registrou movimento recorde. Masculino, claro.

Coisas do Rio de Janeiro.

amanhã de manhã... (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Pra quem é mais íntimo, o assunto não é novidade. Tomzinho viajou ontem pros esteites e só volta na quarta-feira de cinzas. Um monte de dias sozinha pela frente é o que tenho.

Claro que fui até o aeroporto com ele ontem. É claro que vi ele entrar naquela porta escura do embarque internacional do terminal 1 do Galeão. Triste mesmo. A gente se acenando, falando à distância, sem som, só os lábios se movendo: " I L-O-V-E Y-O-U !!"... enfim, cena de filme...

Custei a dormir ontem, mesmo depois de ter tomado algumas na Cobal. Mas depois que dormi, a noite transcorreu às mil maravilhas. Difícil foi acordar hoje. Primeiro porque tava sozinha. Segundo por causa das cervas de ontem. E terceiro porque Tomzinho de manhã é um espetáculo, faz café, pancakes, pega o jornal lá embaixo e tá sempre acordado antes de mim, com o seu sorriso habitual e um "bom dia" ou " good morning" nos lábios, quebrando qualquer possibilidade do meu mau-humor (antigamente normal) se instalar.

Hoje não teve nada disso e, como na vida de qualquer pessoa com uma tendência forte a oscilações de humor matutinas, a lei de Murphy imperou inclemente. O café, que eu sei fazer muito bem obrigada, deu pau. O filtro dobrou e encheu de pó. A água que eu ia colocar no copo pra tomar meus remedinhos entornou, já que, não sei porque cargas d`água, a droga da tampa da garrafa estava desatarrachada. Mas o pior de tudo veio depois, o meu jornal foi roubado.

Eu abri a porta na esperança do zelador te-lo colocado gentilmente no espaço destinado ao capacho (infelizmente ainda não temos um capacho). O jornal não estava, claro. Então resolvi fazer o que Tom faz sempre, descer e pegar o jornal na portaria. Claro que Tom faz isso umas duas horas antes do que eu estava fazendo. Mas que diabos, cada um tem seu ritmo, certo? Enfim, desci e nada do jornal. Encontrei com o zelador que me disse veementemente que tinha deixado o jornal na minha porta. Subi todos os degraus de volta pensando que defitiviamente eu precisava de um café forte.

Vários lances de escada depois e nada. Catei daqui e dali e não tinha jornal porra nenhuma e isso já tava dando nos meus nervos. Desci de novo pra falar com o zelador e falar que não tinha nenhum jornal, que alguém tinha roubado, que era impressionante que alguém tivesse tão pouco respeito pelos outros, que eu teria que acordar às seis da manhã pra ficar esperando o globinho, bla bla bla.

Conclusão eu, a síndica, que mora no meu andar e também é assinante do Globo, e o zelador acabamos fazendo uma conferência no corredor, falando como esse mundo tá perdido, que a vizinha do andar de baixo teve livros didático, imagine, roubados, que o outro vizinho que já até se mudou, tinha a sua revista Veja roubada, enfim, essas coisas normais de corredor de prédio e vizinhos. No fim das contas a síndica, que já tinha lido o Globo dela, me emprestou o jornal e fechamos as portas com sorrisos. Pouco tempo depois devolvi o jornal, que definitivamente não teve o mesmo gosto de ser lido, afinal eu precisava devolvê-lo (pra que a filha da síndica lêsse quando acordasse). Logo eu não podia amassar, dobrar e, muito menos, rabiscar e fazer minha palavra cruzada sagrada de todo dia.

Duas horas depois toca a campanhia aqui de casa. Era a síndica e o zelador outra vez. E, surpresa, meu jornal arrumadinho na minha porta, com o número do meu apartamento escrito nele e tudo. O ladrão, além de letrado, é organizado e alguma coisa consciencioso. Não quis me deixar sem minhas notícias. Claro que essa lida cheia de dedos e fora de hora, me tirou bastante o prazer de (re) ler o MEU jornal. Mas não deixou de ser curiosa a volta do jornal afanado.

Veremos o que meu destino reserva para a manhã de amanhã...

terça-feira, fevereiro 07, 2006

continuação da fase hipocondríaca ou de como pode-se ter tantos problemas de saúde ao mesmo tempo (do "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Ok, já um tempinho sem escrever. De novo. Mas isso tem justificativa, as velhas e novas mazelas do meu dia-a-dia. E leia-se mazelas do corpo e da mente.

Explico-me: eu tava com aquele "probleminha" de mais de um mês de sinusite, lembram? Pois bem, remédios comprados e remédios sendo tomados. Melhora? Graças a deus sim, a meleca mudou de cor (sei que é um assunto desagradável de se tocar, mas tenho um compromisso com a verdade e com o real esclarecimento... logo a cor muda tudo e tem que ser levada em conta), o nariz desentupiu sensivelmente, a dor de cabeça zerou. Mas, surpresa, basta uma irritaçãozinha, um aborrecimento sem importância e ploft!! o nariz entope automaticamente e "gomeço a valar assim, gomo se divesse um bregador do dariz" (tradução rápida: "começo a falar assim, como se tivesse um pregador no nariz").

Bom, o problema é que preocupações, aborrecimentos e irritações não faltam na vida de ninguém, principalmente na minha durante esses dias. Tomzinho viaja depois de amanhã (dia 09/02) e só volta dos esteites no dia 1º de março... além disso eu tinha que, obrigatoriamente, extrair um siso hoje, o que acabei fazendo com louvor, mas até fazer... foi uma lenda.

A verdade é que eu cheguei até a rezar pra cair uma bomba na rua do Rosário, derrubando prédio e consultório do dentista, só pra eu não precisar ir e não precisar desmarcar, afinal eu já tinha desmarcado antes com desculpa da sinusite. Como eu poderia respirar com alguém mexendo na minha boca e o nariz entupido? Pois é, dessa vez não dava pra usar esse mesmo argumento. Além disso, meus princípios de honestidade (eu tenho isso, é um caso sério) me impediam de ser cara-de-pau mais uma vez e fugir correndo Rio Branco abaixo... não dava. Claro que, aliado à decência da minha personalidade, à minha vontade de fazer tudo correto e a um superego que pentelha meu juízo dizendo o que eu devo ou não fazer, existe o Tom, esse cara que eu amo, que tem 1.80m de altura e que pega no meu pé pra valer!! Eu não poderia não ir ao dentista simplesmente porque ele não deixaria isso...

Conclusão, tomei um rivotril de 0.5 (um ansiolíticozinho básico), um copo d`água no consultório, uma dúzia de anestesias (sentir dor nem fodendo) e mandei: arranca aí!! Ele arrancou. Tirou siso, tirou raiz, tirou litros de sangue, deu ponto e os cambal. Depois de tudo isso, só pra rebater, tomei um dorflex ainda no consultório e outro depois em casa. Confesso que depois de um período chato de sangramento em casa e de um pouco de dor, já me sinto ótima, quase esquecendo que passei praticamente por uma cirurgia hoje.

O chato é que até amanhã só posso comer coisas frias, líquidas ou pastosas, o que me deixou com uma gama bem pequena de opções e com uma fome de ante-ontem. Acabei passando numa farmácia e comprando duas sopinhas de bebê néstle. Agora à noite me dei ao luxo e ao prazer de ir até o Bob`s e encarar um milquecheique de ovomaltine. De meio litro, claro. Me senti vingada. Vingada do dente, vingada do dentista, vingada dessas chateações que a gente mesmo cria no nosso dia-a-dia. Me senti vingada, principalmente, da minha balança. Passei por ela no banheiro e contra todos os meus princípios e vícios não subi. Só soltei uma gargalhada sonora e debochada pra ela.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

breve boletim de saúde (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

Então, a quem interessar possa, fui ao médico de novo. Aliás, médica. Uma otorrinolaringologista (essa palavra é pro Tomzinho treinar). E, surpresa, ela me disse o que eu já sabia, ou seja, que eu não fiquei boa com o antibiótico anterior.

Mas, ao contrário dos meu temores, eu não tenho uma doença rara, também não tenho câncer, nem nada semelhante. Tenho é uma puta de uma sinusite que, inafortunadamente, o outro médico não conseguiu alcançar com o antibiótico prescrito. Conseguiu só ferrar com meu estômago. Isso ele acertou na mosca. Coisas de quem tá vivo (e doente, claro).

A conclusão óbvia é que vou ter que tomar outro antibiótico. Lá se vai mais grana. Grana essa que não disponho, lógico. Pelo post anterior já deu pra sentir a minha pindaíba pessoal. Pois bem, além do antibiótico, um complexo B básico. A médica ficou penalizada de pensar o quanto eu devo sofrer outra vez com mais 10 dias de remédio me atacando as vias digestivas (e haja pum...).

Finalizando a história, algumas pessoas já sabem, mas coloco aqui em público um problema crônico, eterno mesmo, que tenho com os ouvidos. Simplesmente eu produzo mais cera do que eles podem suportar. Além disso o conduto, o "buraquinho" do ouvido é tão estreito que ninguém entra ninguém sai. Ou seja, a cera fica lá dentro, endurece e entope. Fico surda. De tempos em tempos preciso dazer uma lavagem. Quando a dita otorrinoleringologista viu meu ouvidos surdinhos de cera, ah, babou de vontade de tacar água dentro e lavá-los. E assim fez. Mas eu, macaca velha no assunto, cheguei a dizer que era melhor pingar uns remedinhos antes, pra facilitar a limpeza. Qual nada. Apesar da surda ser eu, claro que ela não me ouviu e saiu lavando tudo. É claro que tava certa e ela não conseguiu terminar o serviço. Me passou um remedinho pra pingar e pra eu voltar terça-feira. É claro que eu tô mais surda. É claro que os ouvidos, antes quietos, estão doendo. É claro que eu mereço.

De qualquer modo estou mais confiante agora. Tô com esperança de ficar boa. E espero que seja esse mês ainda, de preferência antes do carnaval. Que passar o carnaval sozinha (Tomzinho vai estar nos EUA), sem poder beber e surda, ninguém merece, né? Ou eu mereço??

money money money (publicado originalmente no "Trompe l`oeil... parece aquele, mas não é")

É, eu também adoraria viver de escrever. Apesar de não ser lá muito assídua, eu juro que seria, que escreveria todos os dias, várias matérias, artigos, ensaios, sempre sempre, se eu ganhasse pra isso. Seria assim como a realização de um grande sonho. Ter prazer e ganhar a vida ao mesmo tempo!

Mas, não é assim que tem funcionado. Exceto pelo prazer (grande, aliás) de ver meus escritos circulando e sendo lidos, eu nunca ganhei absolutamente nada pra escrever. E, sendo assim, preciso ganhar a vida de outra maneira, o que também não tem acontecido de maneira muito louvável. Tem tempos que minha sociedade com mami tá indo pro saco. Tem tempo que Tomzinho tem bancado tudo.

Sendo assim, estou à cata de um ganha-pão, um trabalho, uma maneira de ganhar meu dindim de cada mês. Espalhei curriculuns. Uma variedade de lugares que dá gosto de ver. Da locadora de vídeo ao trabalho como designer de interiores que é o que, acreditem se quiser, eu sou de fato e de estudo. Para minha surpresa, fui rapidamente chamada pra três entrevistas, uma após a outra.

A primeira justamente para uma vídeo locadora perto de casa. E eu, como ex-dona de uma locadora, achei que seria um trabalho molezinha, gostoso mesmo, tranqüilo de ser feito. Claro que se o salário permitisse. Bem, não permite. A loja só fecha dois dias no ano, no dia 25 de dezembro (ho! ho! ho!) e no dia 1º de janeiro (adeus ano velho... feliz ano novo...). Fora isso, ela abre de segunda a segunda, sem pausas, sem feriados. Tabalha-se domingo sim, domingo não. E a jornada de trabalho vai de 3 da tarde às 10 da noite, com 10 minutos (!!!!) pra comer. Isso mesmo, 10 minutos. Passei ainda alguns minutos sendo sabatinada. Precisava dizer os nomes dos atores que via em fotos na capa dos filmes. Depois fui indagada pelos últimos filmes que vi no cinema e se eu já tinha ouvido falar de Woody Allen e Almodovar (!!!). E o salário? Hummm, R$320,00... definitivamente não dá, é pior do que escravidão, já que o "senhor" não precisa manter o escravo vivo... com certeza ele gastaria mais do que isso...

A segunda foi uma loja de venda de pisos cerâmicos. Daquelas sem graçaaaaa, onde você tem inúmeras placas giratórias com um monte de pisos colados, pra o cliente ir passando. Eu sei, eu sei, que estudei decoração, que eu deveria adorar "pisos cerâmicos" e afins, mas acontece que não gosto não. Mas, ok. Fiquei até interessada. A entrevista foi estranha, ele me perguntou qual meu estado civil, se eu era fumante (e eu não sou mais!!!), se tinha algum problema de saúde, se eu trabalhava bem com o computador (dannnn) e pronto. Recebi um e-mail no ddia seguinte dizendo: "Deborah, acgradecemos mais uma vez sua participação no processo de seleção, mas a princípio não poderemos aproveitar você... bla bla bla". Foi a seleção mais estranha que já participei, sem saber quanto ganharia, porque eu tava ali, o que queriam de mim. Enfim, tô até satisfeita de não estar lá conhecendo qual o PA (ou qualquer sigla que o valha) do piso tal...

A terceira foi uma loja de decoração, dessas que vendem de tudo: persianas, tapetes, pisos de madeira, cortinas, almofadas, etc etc etc. Na verdade ainda estou no processo de seleção, já que eu mesma ainda não desisti e ainda não "me desistiram". Mas tô pensando muito seriamente em roer a corda. O trabalho é interno e externo. No dia interno se trabalho de 8 da manhã às 7 da noite (!!!!). No dia externo, idem. Mas você faz o seu roteiro, logo pode se dar uma colher de chá. De qualquer modo, mesmo no dia externo, você tem que passar na loja, de manhã, à noite, ou nas duas horas. A loja logicamente abre sábado, até 1 da tarde. Ajuda de custo? Não tem não, moço. Salário fixo? Também não. Retirada mínima? HA HA HA, claro que não. A única coisa é uma comissão de 4% sobre as vendas e uma ajuda na passagem de ônibus... é só fazer as contas de quanto se precisa vender para ter um salário digno e que pague, ainda, todos os seus gastos de rua. Ai ai. Complicado. Mas, por incrível que pareça, ainda estou pensando se fico ou não, já que estou PRECISANDO de grana...

Bem, não deixo de me sentir (re) entrando numa engrenagem feia e suja. Dessas que, por necessidade, pessoas são massacradas, usadas e descartadas assim que os interesses são mudados. É assim que funciona o neo-liberalismo. O capitalismo selvagem e desenfreado. Mas longe de mim fazer comícios político-econômicos. Não sou comunista desde os 18 anos e não quero pregar o fim do capitalismo de jeito nenhum, até porque faz tempo que eu não saberia o que colocar no lugar. Porém posso dar uma desabafadinha básica, né? Eu não queria fazer parte de uma engrenagem. Mas se tivesse que fazer, que pelo menos eu não ficasse toda suja de graxa, que a experiência não fosse tão massacrante. E que, pelo menos, o salário fosse compensador. Que suja, massacrada e, ainda, sem dinheiro é deprimente!