sexta-feira, janeiro 26, 2007

pãozinho no forno


Então, pessoas, o negócio é que eu tô grávida. Assim. Pluft. Engravidei e tô vendo a barriga crescer, sentindo uns movimentos estranhos lá dentro, umas novidades que eu desconhecia. Desconhecia, mas intuía, claro.
Porém intuição não dá conta de colocar todas as nossas expectativas nos eixos, de explicar (e racionalizar) que sentimento estranho foi aquele ali na rua. Que chororô é esse que acontece se você vê um pombinho com cara de doente (logo eu que odeio pombos e sempre tive que controlar meus impulsos assasssinos de chutar todos os que vi pela frente vida afora). Intuição não explica, de maneira nenhuma, a sensação de abdução do início da gravidez. Eu sentia um alien dentro de mim. Aliás, tive certeza que minha cabeça tinha sido atarraxada em um novo corpo (vide Marte Ataca, dirigido pelo adorável e doido Tim Burton). Nunca, em toda a minha vida, senti tantos enjôos e incômodos de uma vez só. Vomitar ao menos uma vez por dia passou a ser normal e, por favor, não deixe de levar em conta que estou longe de ser bulímica. Muito esquisito.
Mas, eis que nos habituamos a tudo e, quando menos se espera, os enjôos, náuseas (e quantas náuseas...) meio que evaporam, desaparecem completamente. Você abre o olho de manhã, pronta pra correr pro banheiro (eu sei, eu sei, eu sou uma das sortudas que sempre conseguiu chegar ao banheiro antes da primeira náusea do dia) e, tchan tchan tchan, nada! Apenas uma ligeira e insuportável FOME. Isso, aliás, é digno de nota, como passamos repentinamente a ter um apetite devastador de estivador em fim de dia, depois de descarregar um navio inteiro de sacos de cimento. Impressionante e assustador. O resultado? 7 quilos a mais num piscar de olhos, a perda de todas as roupas minimamente legais do seu guarda-roupa e um puxão-de-orelhas da sua ginecologista/obstetra.
Falando na médica, essa é uma das inúmeras coisas que mudam também na vida. Ela deixa de ser ginecologista, aquela que cuidava de você e de todos os seus probleminhas femininos, para ser obstetra e passar a defender, como uma advogada de seriado americano, todas as necessidades e direitos de seu mais novo cliente, o bebê.
A gente acaba se sentindo uma portadora e uma guardiã nomeada por intervenção meio divina. Seus direitos acabam. Todos, mas absolutamente todos, passam a ter o direito inviolável e inquestionável de passar a mão na sua barriga e a dizer o que você deve comer, quanto deve ganhar de peso, se você está muito gorda, se você está muito magra. Se tem espinhas, é menina. Se os pelos do corpo estão crescendo muito rápido, é menino. Eu me pergunto, e se as duas coisas acontecerem ao mesmo tempo? Hermafrodita? Ai, ai, Deus me livre...
Enfim, como não bastassem tantas e tantas mudanças corporais e emocionais, a gente emburrece. Não consigo entender o porquê. Talvez já não compreenda justamente pela diminuição na velocidade e na qualidade dos pensamentos. Pode ser que o cérebro (isso é, obviamente, teoria minha) vá se liquefazendo em uma substância nutritiva ao feto e assim vamos diminuindo a capacidade de reflexão mês a mês, enquanto sua cria cresce robusta e feliz. Palavras são esquecidas, simples cálculos de aritmética são completamente ignorados, as coisas caem das mãos, datas são atropeladas. As únicas lembranças fortes e presentes são as relacionadas à gravidez e ao bebê. E isso já ocupa um tempo e um espaço enorme, claro. Vai da ulltrassonografia à última touquinha minúscula que você comprou para o seu rebento. As preocupações em relação ao parto, à amamentação, à recuperação, às trocas de fralda, aos primeiros banhos, à cicatrização do umbigo, etc, etc, etc, ocupam completamente o seu dia-a-dia. E, devo acrescentar, com um imenso prazer. Imaginar olhos, boquinha, narizinho, e todos os "inhos" que vão compor o corpinho do seu filhote, passa a ser o seu esporte predileto!
Bem, são imensas mudanças. Dor nas costas, pés e mãos inchados, peitos do tamanho de estádios de futebol, circunferência corporal aumentando em proporções quase geométricas, acessos de pânico em toda subida à balança... e um sentimento de plenitude, uma felicidade grande que faz chorar, uma sensação de produtividade, um amor pelo mundo, um tesão inimaginável, uma vontade de dizer "eu te amo", um orgulho da barriga crescendo, uma surpresa boa se mexendo lá dentro, a certeza de carregar uma verdadeira união entre você e o seu amor. Por tudo isso e pela possibilidade de ouvir um pimpolho te chamar de mãe, acho que vale a pena sim. E muito.

quinta-feira, janeiro 25, 2007

sem explicação

É isso aí. A ausência não tem nem explicação e nem desculpa. E não pretendo inventar, mais uma vez, um blá blá blá qualquer pra tentar explicar o hiato. Não. Não tô afim. Tenho um pouco de dignidade. Um cadinho de vergonha na cara. Então é isso. Talvez (veja bem, eu disse TALVEZ) eu esteja voltando. Ponto final.