quinta-feira, maio 19, 2005

não tem post

Nossa, que coisa estranha. Tô com muita vontade de escrever, mas me faltam assuntos, criatividade. Já pensei em um monte de coisas que foram rapidamente descartadas por falta de graça ou de interesse real.
Tipo, pensei em falar sobre um dos porteiros daqui, um de bigode, alto e moreno. Falar sobre como ele olha pra gente de um modo esquisito, inquiridor. Às vezes parece interessado no que estamos pensando até. Às vezes parece tão aborrecido que não ouso dirigir-lhe a palavra. No máximo, entre os dentes, dou-lhe um bom dia. Mas ele me dá medo. Aí, prefiro não escrever.
Pensei na jornaleira. Compro jornais, lógico, e cigarros com ela. É uma mulher do sul, dá pra ver pelo sotaque. Mas é assim, como direi, meio máscula. Vive discutindo futebol, usa umas bermudas largas e compridas e sempre tem uma dica boa pra dar sobre o carro. Os cabelos curtíssimos, brincos nem pensar e tem uma risada grossa e forte. Me dá também um pouco de nervoso porque me olha sempre com um sorriso estranho nos lábios. É, descartada por motivos óbvios.
O chaveiro também foi cogitado, com sua barriga imensa e seu nariz descomunal, cheio de furos. É um chaveiro diferente, faz chaves e conserta ventiladores, panelas de pressão, descargas de privada. Um multi-homem. Mas ele me dá um certo asco, acho que pelo tom esverdeado de pele que tem. Cor de quem tá meio embolorado, mofado. O jeito de falar mole e debochado também não ajudam. Eca. Definitivamente não quero falar sobre ele.
Até Lola, a poodle minúscula que vive aqui em casa, foi levada em consideração. Mas, tadinha, anda parecendo uma estopa velha, dessas sujas de graxa e poeira. Ela, que era pra ser assim como uma cachorrinha de madame, é um cão sem dono, mesmo com tantos possíveis donos em casa. Ela adotou mamãe como dona. Mas a proprietária de fato é Bia. Agora, no auge dos seus rebeldes 11 anos, você acha que ela lembra que Lola existe? Nem pensar. Quanto a mim, temos uma relação meio tempestuosa. Nos entendemos entre gritos e mordidas, carinhos e brincadeiras. Mas juro que nunca a mordi. Fui sempre vítima de seu dentinhos pequenos, mas afiados. E dói, como dói. Aí eu grito,né? Não dá. Não vou realmente escrever sobre alguém, mesmo um ser canino, que me tasca os dentes de vez enquando. Acho que não faria sentido, mesmo levando em conta minha natureza ligeiramente masoquista.
É isso, desisto mesmo. Não vou escrever sobre nada. Hoje não tem post. Ou melhor, tem isso aqui, explicando justamente a falta de posts. Vou ler jornais, umas revistas, fazer mais compras em mercados, talvez dar uma volta na Central do Brasil. Dar uma renovada no estoque de inspiração.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Então vou te inspirar qqer dia desses...

Ah, é só um resfriado ... :)

6:41 PM  

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