sábado, maio 14, 2005

nada demais... só eu mesmo

Falando de mim (como se fosse uma grande novidade falar de mim) estou passando por um momento de descobertas. Tenho pensado muito, sofrido outro bocado, chorado alguns rios.
A inércia em que me encontro tem sido desesperadora. Sei que sou capaz de grandes feitos, nunca me dispus a fazer algo sem fazê-lo bem, sempre tive algum reconhecimento e sucesso em tudo o que me meti. Mas minhas forças atuais me dizem o contrário. Que me falta competência, interesse, perseverança, capacidade. Meus pensamentos têm um foco único. O que está errado? Que forças paralizantes são essas?
Me sinto com ferramentas suficientes pra me dedicar a qualquer coisa que queira. Tenho uma gama de possibilidades infinitas. E isso, ao contrário do que pode parecer, me confunde e atrapalha mais. Não consigo escolher um caminho. Tenho sempre medo de fazer uma escolha, de tomar a decisão errada.
De alma limpa, deixando de lado a arrogância e prepotência, tenho visto que meu grande problema é a criatividade. Um amigo, há pouco tempo, disse que minhas dúvidas e incertezas são frutos justamente da minha inteligência. Segundo ele, eu penso demais.
Naquele momento, achei um absurdo tal afirmação, discutimos bravamente, mas fiz o que sempre faço: pensei a respeito. E cheguei à conclusão de que ele não estava de todo errado. Aliás, chegou próximo da realidade. A quantidade de idéias e pensamentos que me passam pela cabeça, a todo instante, é enorme. Sinto uma necessidade imperiosa de colocar isso tudo pra fora, criar sem parar. O veículo de criação, muitas vezes, não importa. Posso fotografar, desenhar, cantar, inventar uma brincadeira com Bia, me fantasiar, escrever... posso tudo. E criação realizada, tenho que passar à próxima antes que fique enfadada e entediada. Tenho alma de artista. Mas sou, na verdade, uma arteira. Não me dedico a uma arte, mas acabo fazendo arte de criança.
A vida me tem sido dura. Financeiramente, na vida familiar, na vida cotidiana e, o principal, sentimental e emocionalmente. Tem pelo menos dois anos que não sei o que é relaxar, receber um cafuné, não pensar na conta de amanhã. Isso tudo gerou um estresse tão grande, um cansaço tão profundo que sequei. Não tenho mais forças. Não consigo mais lidar com as burocracias da vida. Só tenho ânimo para o que me dá algum prazer. E esses, têm sido poucos. Têm sido justamente esses pequenos momentos em que o céu é o limite, que o ridículo é esquecido, que me solto das amarras, dos preconceitos e crio.
Sinto falta de amor, de criar no amor. Quero amar alguém e ser amada do jeito que sou. Assim, imperfeita, inconstante, criatividade saindo pelos poros. Alguém que possa compreender esse jeito, que nem eu mesmo entendo bem. Quero troca. Quero estímulo. Quero inteligência. E falo de sensibilidade, capacidade de análise e de intercâmbios emocionais. Não me refiro, de jeito nenhum, a conhecimentos adquiridos. Esses não são difíceis de se ter, basta-se saber ler um pouco, colecionar alguns livros. O difícil é saber usar, saber relacionar os conhecimentos com a vida, com a realidade.
Acho que, como sempre, me estendo além do necessário. Falava de mim e acabei migrando para um amor. Mas na verdade está tudo interligado. Está tudo dentro de mim, tudo pedindo pra ser revelado, exposto, falado. Quero é ser compreendida e aceita. Talvez por mim mesma. Talvez eu queira um companheiro de jornada, de criações. Um velho amigo novo. Um outro eu. Alguém em quem eu possa ver refletida a minha imagem. E com a minha dedicação, com o meu amor, eu possa compreender. E assim me compreender também.