quinta-feira, maio 12, 2005

nylon

Ando tão falsamente engraçadinha. Não a engraçadinha do meu poeta, menina sapeca e rodriguiana de algum subúrbio carioca. Não essa engraçadinha.
Falo engraçadinha de comediante americano. Daqueles que fazem piadas ininteligíveis ou sem graça. Ou os dois.
Por que falsamente? Porque não sou comediante, logo não sei contar e nem criar piadas, e muito menos americana, o que justificaria a total falta de graça nas minhas anedotas. Não tenho álibi nem pra ser insossa.
Acho que minha vocação (se é que tenho alguma vocação) é para o trágico mesmo. No máximo um tragicômico, dado o ridículo das situações de vida que me meto. Sempre estou envolvida em sentimentos baratos e, por isso mesmo, dilacerantes. Vivo emoções de plástico, cor-de-rosa vibrante, embrulhadas em papel laminado, cheirando a perfume doce de jasmins.
Nada mais trágico do que um coração sintético. Nada mais cômico do que o exagero de um amor desse mesmo coração.
Nada mais sintético e exagerado do que eu.