terça-feira, agosto 09, 2005

pausa na alegria

A vida nos prega peças o tempo todo. Sempre sou pega de surpresa por alguns fatos, por acontecimentos, por notícias. É assim. E sei que não é só comigo. Nunca podemos ter certeza de nada.
Bem, na verdade temos uma certeza irrefutável. Apenas uma. E essa é uma certeza absoluta, imutável, inegável. Todos sabemos que a morte um dia chega, um dia acontece.
O curioso é justamente isso. O engraçado (não engraçado de provocar frouxo de risos, claro) é que sabemos disso assim que começamos a ter uma consciência da vida, assim que perdemos o nosso primeiro cachorrinho de estimação, assim que perdemos o avô querido. E no entanto continuamos a nos surpreender, chocados, quando ela aparece, certeira e implacável.
Foi assim hoje comigo. Recebi um telefonema e ouvi, estupefata, que um grande amigo, queridíssimo, alegre, jovem, bonito e inteligente, morreu. E rápido. Sem grandes explicações. Assim como nasceu um dia, parou de respirar hoje. Ponto final.
Me faz refletir na fragilidade da vida. Em como perdemos tempo com objetivos fúteis, com sentimentos mesquinhos, com preocupações que não passam disso mesmo, pré ocupações de nossos cérebros e corações. Afinal, como disse antes, não podemos realmente prever o próximo evento, certo? Podemos saber o que tem depois da próxima esquina? Não dá. Não sabemos. Não podemos.
Ele viveu. Sei que viveu. Casou, teve uma esposa que amava, comemorou o aniversário dela no último sábado, era um bom filho, irmão e amigo. Afinal, mesmo tendo uma existência curta, fica a certeza de que fez o seu melhor. Foi feliz o tanto que pode.
Fica sim um sentimento triste e pesado. Fica a tristeza de quem fica, a saudade doendo no peito de todos. Mas fica também uma lição. Lição essa que caiu como uma luva pra mim: viver o presente, fazer o melhor de si, com carinho, com amor, sem grandes cobranças. Aproveitar o que a vida tem de melhor, descartar os sentimentos angustiantes, as culpas, amenizar as dores. Ser feliz por ser. Respirar, olhar o céu, amar. Afinal, com tantas incertezas e sendo a morte a única certeza absoluta, toda a vida que se tiver é lucro. E se for uma vida feliz, tanto melhor. É a sorte grande.