quinta-feira, maio 26, 2005

alguém

Tenho medo de nunca mais ficar confortável. Nunca mais estar à vontade verdadeiramente. Nunca mais amar inteiramente. Queria alguém que tocasse Insensatez no violão no tom certo. Que visse comigo todos os filmes do 007 e depois gravasse pra mim as músicas tema. Que cuidasse do antivirus, das atualizações, de absolutamente tudo do meu computador. Que risse da minha cara de mal-humorada pela manhã. Que levasse leite com chocolate na cama à noite. Que colocasse bilhetinhos de "não esqueça" em todos os lugares que eu passe. Que fosse comigo ao cinema ver uma comédia e risse mais das minhas gargalhadas do que das piadas da tela. Que confiasse nas minhas opiniões. Que passasse a madrugada inteira tentando me convencer de que o meu ponto de vista em relação à Revolução Francesa não está de todo correto. Que fosse pescar, escorregasse na lama e fosse salvo por uma bananeira. Que esculachasse certos tipos de música que escuto mas que compusesse músicas lindas comigo. Que fosse tão inteligente, a ponto de irritar qualquer mortal. E tão irônico, que irritasse mais ainda. Que cuidasse da trilha sonora de nossas vidas. Que lesse mais compulsivamente do que eu. Que não se importasse que eu goste de Guerra nas Estrelas, Indiana Jones, De volta para o Futuro, Matrix e Senhor dos Anéis. Que achasse divertido toda vez que troco de cor de cabelo. Que gostasse do meu cheiro e eu do dele. Que tivesse um lado selvagem inexplorado. Que colocasse apelidos no meu pai. Que gostasse de cachorros e gatos. Que me desse uma rosa de vez enquando. Que tivesse cara de bom moço e enganasse a todos, menos a mim. Eu saberia que não é tão bom moço assim. Que fosse o meu melhor amigo. O amigo ideal. Que tivesse o beijo mais inesquecível da minha vida. Que fosse meu cúmplice. Que roubasse minhas palavras e pensamenmtos e falasse as maiores abobrinhas junto comigo, sem ensaio, sem treino, no improviso. Que comesse a pior e mais azeda torta de limão que eu fizesse, rindo, debochando, mas comendo. Que fizesse carne moída com curry, tão ruim, mas tão ruim, que nem o cachorro comeria. Que tivesse um lado bem ruim e cruel, mas que tivesse também um lado maravilhoso. Que me amasse. E que eu amasse também.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Tem fila de espera?

8:55 AM  

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