sábado, abril 23, 2005

tédio

Necessito escrever mas não tenho vontade. Não tenho ânimo de nada. Passo o dia embolada em cobertas e ressentimentos. Mágoas que afloram, que derrubam. Sei que vou ser magoada de novo e não sei se terei forças pra suportar tudo. Mais uma vez...
Não agüento a pressão, a cobrança, o controle. O “tem que ser feito”, “tem que ser dito”. E a urgência da vida me pressiona, me oprime. Não agüento isso. Me machuco, me magôo, me adoento.
A solidão é um fator, sei que é. Mas prefiro essa liberdade solitária do que uma prisão acompanhada. Não quero algemas. Não quero escravidão emocional. Isso ainda tenho algum controle.
Mas vivo aprisionada em uma vida que não escolhi. Claro que a pergunta procede: quem escolheu então? De quem é a culpa? É, talvez não tenha me expressado bem... falando melhor então, vivo aprisionada em uma vida que escolhi por pressão. Que fui impelida a viver. Me sinto culpada em relação aos que amo, me sinto em eterno débito e não consigo me libertar. É, é isso.
O estranho disso tudo é que sei não ser fundamental. Sei que todos viveriam sem mim. Mas tenho esse dívida que cresce em juros progressivos... não agüento mais dever nada a ninguém!
E aí fico aqui imóvel. Não sei o que fazer, pra onde ir, como agir. Me enterro em papéis, livros, lençóis... Me lambuzo de sorvetes e chocolates. E depois me sinto a pior das mulheres. A mais feia, a mais gorda, a mais insuportável.
Tomara que amanhã eu esqueça. Tomara que amanhã eu finja de novo que está tudo bem e consiga, assim, viver mais um dia, minuto a minuto. Afinal o futuro não existe mesmo, né?